sábado, 17 de setembro de 2011

DESEJO UMA MATÉRIA BONITA PARA A DESPEDIDA DO PAI DE MINHA FILHA!


Alguns de meus amigos já sabiam que há quatro meses enfrento com minha filha: a tristeza, angústia, de acompanhar a partida de meu ex-marido, Jairo Souza.

Tudo foi difícil nessa caminhada de cinco anos de separação num casamento único de 24 anos.

Foi amedrontador estar sozinha com uma adolescente naquele 2006;
Foi sofrido deixar partidas famílias que antes tanto se conciliavam e como disse minha ex-cunhada ontem no velório:

- que culpa temos de nos separarmos em afeto se foram vocês dois que romperam?

Tanta coisa volta quando chega o encontro com a morte de alguém que se partilhou vida...

Abraça-se, reza-se, pede-se perdão, apazigúam-se mágoas profundas, encontram-se parentes que se desintegraram...

Mas, ao mesmo tempo, esse divino Deus comunga emoções que rompem barreiras, estancam - nem que momentaneamente - feridas ainda não cicatrizadas...

Assim, dia 15 de setembro (a noite) foi o dia da partida do pai de minha filha.

Ontem na cerimônia de cremação ela me deu um orgulho danado: fez um discurso leve, em paz, quase confortador para todos aqueles amigos presentes.

Sabia que o pai estava feliz agora.

Sabia que ele viveu tudo que gostaria de ter vivido; Percorreu o mundo até os últimos meses de 2011. Viu a neta crescendo de seu primeiro casamento.. Assistiu-a passo a passo com amor até o último respirar.

Tive orgulho dela porque esteve, de fato, com o pai manhã, tarde e noite, dando-lhe amor, transferindo energias até o momento que uma parada cardíaca o levou para outro plano...

Essas últimas duas semanas entre CTI e quarto vivenciamos uma despedida lenta e progressiva de um homem que nos fez feliz.

Não sou viúva do Jairo.

Ele seguiu sua vida e eu, a minha.

Respeitamos o que nos levou à separação e somente nossa filha, Maria Julia, fez o meio de campo nesses anos todos, minimizando história e cultivando outro sentimento entre esse pai e mãe.

De formas que ontem ele partiu. Descansou como dizem os humanos.

Adormeci pedindo ao Senhor que nos mostre o lado bom de tudo isso, para mãe, filhos, parentes.

Adormeci acobertada pelo carinho de tantos amigos ontem naquele velório...

Pensei que, para nós que ficamos, houve a oportunidade da reconciliação com algumas pessoas lá presentes...

Pensei que aqueles que conto sempre (amigos de uma existência) me telefonaram, compareceram por solidariedade ao momento e, talvez o mais dignificante: reencontrei amizades antigas que derramaram lágrimas iguais as minhas...

Experiência da vida baseada em partidas...

Agora é mais alguém que se vai nos ensinando que temos que andar e que os participantes desse cenário poderão se ausentar, mas nunca serem esquecidos.





Maria Marçal - Momentos difíceis

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