Alguns de meus amigos já sabiam que há quatro meses enfrento com minha filha: a tristeza, angústia, de acompanhar a partida de meu ex-marido, Jairo Souza.
Tudo foi difícil nessa caminhada de cinco anos de separação num casamento único de 24 anos.
Foi amedrontador estar sozinha com uma adolescente naquele 2006;
Foi sofrido deixar partidas famílias que antes tanto se conciliavam e como disse minha ex-cunhada ontem no velório:
- que culpa temos de nos separarmos em afeto se foram vocês dois que romperam?
Tanta coisa volta quando chega o encontro com a morte de alguém que se partilhou vida...
Abraça-se, reza-se, pede-se perdão, apazigúam-se mágoas profundas, encontram-se parentes que se desintegraram...
Mas, ao mesmo tempo, esse divino Deus comunga emoções que rompem barreiras, estancam - nem que momentaneamente - feridas ainda não cicatrizadas...
Assim, dia 15 de setembro (a noite) foi o dia da partida do pai de minha filha.
Ontem na cerimônia de cremação ela me deu um orgulho danado: fez um discurso leve, em paz, quase confortador para todos aqueles amigos presentes.
Sabia que o pai estava feliz agora.
Sabia que ele viveu tudo que gostaria de ter vivido; Percorreu o mundo até os últimos meses de 2011. Viu a neta crescendo de seu primeiro casamento.. Assistiu-a passo a passo com amor até o último respirar.
Tive orgulho dela porque esteve, de fato, com o pai manhã, tarde e noite, dando-lhe amor, transferindo energias até o momento que uma parada cardíaca o levou para outro plano...
Essas últimas duas semanas entre CTI e quarto vivenciamos uma despedida lenta e progressiva de um homem que nos fez feliz.
Não sou viúva do Jairo.
Ele seguiu sua vida e eu, a minha.
Respeitamos o que nos levou à separação e somente nossa filha, Maria Julia, fez o meio de campo nesses anos todos, minimizando história e cultivando outro sentimento entre esse pai e mãe.
De formas que ontem ele partiu. Descansou como dizem os humanos.
Adormeci pedindo ao Senhor que nos mostre o lado bom de tudo isso, para mãe, filhos, parentes.
Adormeci acobertada pelo carinho de tantos amigos ontem naquele velório...
Pensei que, para nós que ficamos, houve a oportunidade da reconciliação com algumas pessoas lá presentes...
Pensei que aqueles que conto sempre (amigos de uma existência) me telefonaram, compareceram por solidariedade ao momento e, talvez o mais dignificante: reencontrei amizades antigas que derramaram lágrimas iguais as minhas...
Experiência da vida baseada em partidas...
Agora é mais alguém que se vai nos ensinando que temos que andar e que os participantes desse cenário poderão se ausentar, mas nunca serem esquecidos.
Sou comunicativa, aprecio o contato com pessoas cultas, que desejem estar "presentes" no cotidiano, onde procuramos a leitura, a atualização frequente, tão necessárias para emitirmos críticas ou elogios sobre questões diversas. Gostaria de contatar com pessoas do mesmo perfil. Obrigada.
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