segunda-feira, 3 de setembro de 2012

NOSSOS VÁCUOS



Numa espetacular abordagem Nahman Armony, um médico psicanalista e membro da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle/RJ (nahman@uol.com.br), fala sobre o esvaziamento da relação sexual de um casal maduro, quando os filhos saem de casa, a aposentadoria chega, a libido mostra-se tímida e o envelhecimento do corpo dá sinais de enfraquecimento.

Não somente nessa situação de medição da paixão ou mesmo readaptação a outras formas de amar, o ser humano se vê, por vezes, fragilmente submerso em vazios...

Determinados momentos de nossa vida deparamos com vácuos. Não sabemos mais o que nos resta do passado se perdendo em amarguras num presente descolorido, desarticulado.

"Eis que chega a meia-idade, os filhos se vão, a situação financeira não mais preocupa, o tempo de lazer aumenta e os dois se veem sozinhos, envergonhada e desconfortavelmente, indo com desespero atrás do desejo sexual da mocidade", diz Nahman em seu texto.

E, da mesma maneira que os casais em foco, nós - transeuntes de estrada -  vimo-nos querendo o que não temos mais, aquilo que, ao tempo e oportunidade, findou.

Essa sensação nos faz recuar...

O vácuo, sentido e consentido, nos desarma, derruba, levando à inércia.

No caso específico da cobrança pela performance sexual de um casal na maturidade, aludido pelo psicanalista, a solução surge lúcida e branda:

"...o corpo envelheceu e a libido amornou, manifestando-se de maneira cada vez mais espaçada, mas também mais suave, carinhosa, serena. Quando o casal se conscientiza e incorpora estes aspectos como pertencentes a uma evolução inevitável, própria do passar do tempo, desaparece o constrangimento da obrigação sexual."

Já no que concerne aos desencantados com a vida,  aos desocupados e privados do combustível que os impulsionem, que os ponham apaixonados... é hora de destruir ilusões, modificando hábitos, reinventando o jeito de ser, porque o remédio acabou.


Pensando assim, em ambos os casos, as chances de um novo ritmo embalar à vida se tornam mais ao alcance dos olhos e do coração...

Que assim seja!





Maria Marçal - Nas asas do futuro

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