quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

À PROCURA DO AMOR A DOIS

À espera...



Antigamente se conversava mais sobre o amor e nessa ânsia de encontrar o par perfeito íamos construindo ilusões, alimentando com elogios, fantasias, sedução para atrair a atenção do outro/a.

Hoje o par romântico dança com mais suavidade, mais realismo, me parece.

O exclusivismo foi minado pelo avanço das relações livres e o novato contato virtual foi fundamental nesta mudança, mascarando - por verdadeiro - sentimentos, no entanto, não se podendo ignorar que essa ferramenta sentimental trouxe uma nova arte de amar a dois.

O jogo de palavras mágicas para moçoilas sonhadoras teve que se readequar ao amor por entendimento, pela necessária percepção que este amar não mais se concretiza se a amizade não estiver em primeiro plano, se o respeito ao como 'tu és' e como 'eu sou' não fizer parte primordial no planejamento das relações estáveis.

Um psicoterapeuta, Flávio Gikovate, afirma que "estamos diante do único modo de amar que pode sobreviver às tendências individualistas (que ele vê com muita simpatia e otimismo)...evoluiremos da amizade para o amor."

Para ele, os relacionamentos serão de natureza a respeitar a individualidade dos envolvidos.

Compartilho com esse pensamento.

O amor fechado sucumbiu.

Hoje se precisa, antes de tudo, ensaiar o envolvimento... ter aulas e aulas para se saber como agir, como não pisar no pé um do outro, dançando com suavidade a melodia do amor a dois.

Sai de cena a dependência, cai o romantismo cego, tomba a falta da privacidade interior que sufoca, afoga, afugenta um gostar que deve primar pela aceitação de cada um.

À procura do amor a dois se tornou abrangente e por este motivo muito mais demorada de alcançar.

Não sei se isto é bom ou ruim.

Não identifico ainda, nos rasgos dos meus cinquenta e poucos anos, se essas novas estratégias de bem-amar são eficazes, mas constato que o medo de perder, os sacrifícios pela exclusividade perderam espaço e fomos conduzidos, atualmente, a procurar pelo amor numa via muito mais branda: a via da amizade.

E nesse compasso moderno e real quem insistir em perseguir um relacionamento amoroso calcado pela posse e domínio sobre o outro ficará sozinho, pois cada parceiro está interessado na felicidade do outro sem sentir-se responsável por ela.

Aliás, isto não é amar porque ciúme, sentimento de posse é egoísmo... é o barro que se infiltra no calçado e que, inevitalvemente, irá 'sujar a casa do Amor'.

Talvez a riqueza na procura do amor a dois se alinhe ao sexo seguro, prazeroso e culminante sem o contar das horas, dos dias e das cobranças desnecessárias.

Talvez...


Maria Marçal


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