quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sentados na Praça


SENTADOS NA PRAÇA

Hoje, 23 de março de 2009, provando ainda do gostinho da aposentadoria,
ao fazer minha caminhada diária na orla do Guaíba, em torno das seis da tarde,
fui pondo combustível, também, nos meus pensamentos.

Não sei por que, mudei o rumo.
Optei por caminhar até o Shopping Praia de Belas, nosso belo e formoso centro de compras.

O céu parecia um manto azul, onde, de longe, avistei um avião se aproximando do aeroporto. Imaginei, assim, as pessoas chegando e recebendo o abraço, o sorriso do visitante. Larguei um sorriso no canto dos lábios e continuei.

Entrei no shopping. Muitos ali. Mães com filhos, pessoas sozinhas,
namorados e aquele barulho de vida em cada canto, em cada loja.

Entrei e sai.

Preferi retornar ao verde, a natureza, ao céu ainda com o sol aquecendo nossos corpos.

Neste momento, cruzei com um casal e seu bebê no carrinho, SENTADOS NA PRAÇA, olhando para o nada e de mãos entrelaçadas. Ela, com aparência de 30 anos, e ele, 40, talvez. Ambos de chinelos de dedo e bermuda.

Diminui o passo e fiquei observando o carinho daqueles três. Cada um
na quietude de seus pensamentos, mas de mãos dadas.

A calma e a paz de estar numa pracinha rodeados de balanços, gangorras, areia...
fez voltar-me a mim e indagar:
- quanto tempo eu não sento numa pracinha, assim de chinelos, de bermuda, sem me preocupar com nada?

Sinceramente, não recordo..

Lembrei que uma vez ao discutir em casa, fui direto para pracinha, porque sabia que ali encontraria CRIANÇAS, estes pequenos seres que ainda não conhecem os dissabores da vida. Que sobem numa gangorra e despencam em direção ao solo, para se sujarem de felicidade! Ali, sentei num daqueles bancos e chorei compulsivamente e os gritos infantis foram me acalmando, acalmando até retomar minha paz interior. E voltei pra casa envolta numa áurea de tranqüilidade.

Hoje, ao ver este casal, percebo que não vamos mais a uma praça para sentarmos, fixando o olhar para a infantilidade que esta representa.

Esquecemos que o se despojar de tudo: relógio, roupas caras, gravata, bolsas, sapatos,
no final do dia, seria um destino maravilhoso ir recarregar as baterias num banco de praça.

O shopping lotado, os carros solitários e frenéticos na orla, estão tirando o brilho da vida.

Até minha caminhada tem o propósito de NÃO PARAR! como aconselham os experts em
vida saudável. Mas, será?

Será mesmo que o SENTAR NA PRAÇA, num dia outonal, não terá um efeito bem mais benéfico ao nosso bem estar?

Fica minha pergunta, a qual me faço, também.

Maria Souza – Porto Alegre - RS

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