terça-feira, 23 de junho de 2009

SONHAR, VIAJAR e VOLTAR

O que será que existe de tão mágico no ato de viajar?
Viajar, para mim, é quase que um casamento com o sonho.

Se dá o planejamento, se examinam as condições financeiras para
tornar viável o passeio e, sobretudo, busca-se um lugar que julgamos
nos tirará da comodidade, do vazio, da rotina.

O ato de viajar tem um efeito devastador sob o pacato, à marcha-ré.

Creio que é por essa razão que tanto aprecio fechar a porta de casa e
abrir-me ao novo, ao desconhecido, à concretização do planejamento
dos sonhos.

Obrigatoriamente, até mesmo quem não gosta de dizer uma palavra ou
seja tímido por excelência, ao viajar, a pessoa exercerá o poder da fala,
da determinação, pois se torna indispensável à sociabilidade por sair do
isolamento e adentrar ao mundo dos “turistas”, do coletivo.

Que força, que domínio tem o viajar perante nossas vidas!
Impressionante.
Que teste de emancipação!

Como é bom deitar em outra cama que não seja a sua e, em contrapartida, passados alguns dias, voltar e se espichar nos seus lençóis e cobertores.
Que contraditório esse momento.

Dormir no travesseiro de pena de ganso do hotel cinco estrelas, mas voltar para casa e acomodar a cabeça no seu velho companheiro, surrado, mas seu, retomando sua condição individualista, primária.

Toda viagem tem essa disparidade, também.
Até a comida em lugar distante, tem um sabor especial, mas depois de vários dias o feijão com arroz caseiro começa a se transformar em saudade.

Assim que, sou uma amante de viagens temporais.

Meu leme ora busca ansiosamente por um outro porto, mas não esquece que está dentro de mim o maior tesouro: voltar à normalidade cotidiana.

Constata-se aí a fragilidade no ato de viajar.

Descobrimos que é maravilhoso fazer as malas, mas é divino desfazê-las.

Adorável esse balançar de sentimentos movidos pelo êxtase sonhador
de um viajante.

Então, vou à lua, mas querendo voltar para meu barquinho de papel no laguinho da beira da calçada de minha casinha, adoravelmente chamado de LAR.


Crônica de minha autoria
Maria Souza - 23-jun-2009

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