terça-feira, 29 de junho de 2010

HOJE EU CAÍ






Passei quase o dia num Shopping da Capital com minha mãe e manas.

Num determinado momento me separei delas e fui buscar por um cafezinho com chantilly, querendo fugir um pouco das lojas, daquele burburinho...

Quando me aproximei do balcão para fazer o pedido uma moça estava em lágrimas e os olhos vermelhos de chorar diziam que algo ruim havia acontecido. Ao seu lado uma colega lhe amparando.

Olhei e cambalheei naquela sensação de dor daquela moça. Fiz o pedido e sentei-me aguardando o café. Quando chegou perguntei o que havia acontecido, o que me respondeu:

- Ela foi demitida!

Hoje não consigo mais me abster de sentir pelos outros...
Hoje não sei mais dar gargalhadas, enquanto ouço ou vejo na televisão, na rua, pessoas torturadas por trajédias ou sucumbidas pela morte de alguém... não consigo ficar indiferente.

Por minutos me veio a imagem daquela moça bonita, beirando seus 25 anos, sendo despedida...mandada embora ...sendo descartada e indesejada.

Disse-me sua amiga e ex-colega que estava desolada, porque ficavam os ruins, se indo os bons.

Às vezes isso é uma grande verdade.
Quantos são demitidos e sabemos que quem deveria estar no seu lugar era precisamente o autor da barbarie.

Ser demitido(a) arraza...destroi sonhos...desestrutura.. aniquila a autoestima. Torna o Ser Humano menor por longos meses até que se dê conta que aquelas lágrimas precisam cessar.

Quem demite mutila a vítima.

Creio que receber o cartão vermelho se assemelha a um pássaro que é jogado ao horizonte imenso, meio desgovernado...sem rumo certo... solitariamente tendo que buscar uma paragem.

Triste ver partir um colega e não poder fazer nada para reverter... muito triste.

A gravata e/ou salto alto ainda consegue destruir, discriminar indivíduos.

Tomara que amanhã aquela moça se dê conta que dessa demissão uma nova semente será plantada, agora sem germes.

Faço votos que Deus a proteja nesse "cair" e transforme aquelas lágrimas em força e garra para se reerguer.

Que se aparem as asas para um grande e belo salto.



Maria Marçal

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