segunda-feira, 23 de maio de 2011

DIAS LEGAIS...







Às vezes pode soar estranho a gente usar de uma linguagem popular como "legal" ou "estou legal" na idade madura.

Com o passar do tempo nossa maneira de se expressar recebe vestes mais discretas, falamos com prudência, dificilmente emitimos nomes "feios" nem tentamos ser moderninhos com sobrinhos, filhos, netos copiando deles um alfabeto debochadamente de bem com a vida ou de mal com ela.

Queremos, por possível sapiência, dar a essa geração uma mostra do que significa falar-se bem, relacionar-se com disciplina, erguendo trofeus que, erroneamente, julgamos terem sido motivo de orgulho na arte de se relacionar com as pessoas. Digo erroneamente porque, ao fazermos o uso de palavras corretas, preservando imagens, deixamos de viver o dia a dia que se valoriza exatamente por extravasar verdades, horripilar defeitos, gritar nomes historicamente ditos por nossos pais e avós que são "feios e proibidos" de proferir.

Pois a vida é bela quando podemos chegar a quem quer que seja, na idade que tivermos e dizermos em alto e bom tom:

- Que legal!
- Que merda!
- Que fulano filho da mãe!

Seria tão bom que as crianças nos vissem palavreando assim sem achar que somos "seres de outro planeta já em extinção" ou escutarmos baixinho "- bah! a tia está dizendo palavrão!"

Seria tão bom voltar a dizer nomes feios em meio a essa modernidade que exige de nós um comportamento exemplar...

Essa maturidade assumida vem envolta em respeito, em cumprir com as ordens de nossos pais de não falarmos o Santo Nome em vão...

E assim vai passando o tempo e deixamos para trás esse pedaço de nós que tinha ares de pecado...

Que pena...

Hoje a Maior Idade não nos permite mais xingar como nuvens de fumaça, que chegam e vão embora sem fazer qualquer mal....

Que fiquem na Caixinha de Lembranças os

- Tô legal
- Vai à merda
- Cai fora, metido(a)!

Peninha... Peninha...





Maria Marçal - nos rasgos de obediência aos pais

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