domingo, 15 de maio de 2011

O EGOÍSMO APAIXONANTE DO "SÓ NOS DOIS"





O "só nos dois" é antagônico pois se, por um lado, abriga a cegueira do amor de dois amantes sem direito a plateia, por outro, abrange o sublime sentimento de liberdade em doar-se integralmente a quem escolheu como "meu homem/minha mulher".

Muitos poderão perguntar:

- como podem ser felizes sem a participação das famílias, dos amigos, dos filhos?

ou ainda:

- Será mesmo possível que casais que pensarão somente em si no fogo da paixão terão dias de paz sem o olhar palpiteiro de terceiros?

Nessa fase mais madura da vida diria que queremos sim! um amor para nós, tencionalmente egoísta, desvencilhado dos problemas diários, computando apenas a parte boa numa relação que deverá ser a última em razão dos cabelos brancos que teimam em sinalizar a passagem do curto tempo restante...

Então, esse egoísmo do "só nos dois" soa diferente na maturidade... Se permite ao casal apaixonado olharem mutuamente apenas com seus CPFs.

O companheirismo do amor maduro precisa desse egocentrismo para vingar, haja vista que seu tempo de construção não foi igual ao da juventude, quando existia a competição com a beleza, o anseio por um trabalho próspero, as inúmeras possibilidades de se apaixonar vastos e belos como cascatas de água cristalina.

Não condeno que ao bater a porta da paixão aos sessentões, cinquentões novamente em suas vidas, venham a querer uma felicidade exclusiva...com filhos e amigos apenas os acompanhando de fora e, aplaudindo, por que não?

O "só nos dois" pode soar mesquinho aos olhos de quem nos estima, mas com certeza é um presente que Deus oferece uma única vez aos amantes de dias contados.

Quem se encontra amando com exclusividade receba meus parabéns pela decisão.

A felicidade de paixões maduras precisa dessa parcialidade para se manter permanente.

Idade...tempo disponível...oportunidades escassas, saúde física e mental, agradecem.

Maria Marçal


0 COMENTÁRIOS: