FECUNDANDO AUTOESTIMA

Este título impõe tantas batalhas não é mesmo, caro leitor?

Acostumamos nessa vida a buscar nos outros o afeto ideal, o amor perfeito (sentimento tão intensamente conflitante) e/ou qualidades que sequer as possuímos ...

Parece-me que nada, absolutamente nada, se materializa se não tiver a mão do outro.

A dependência afetiva se alimenta, na maioria das vezes, de relações inadequadas, prosperando ou cambaleando nesse compasso de erros, onde a felicidade apenas se permite acontecer se me deres a mão, se me tornes tua exclusividade.

O dia-a-dia regrado pelo relógio do outro nos faz adoecer, castra liberdades, incapacita o talento natural que nos rege desde que nascemos.

Lí, certa vez, de um poeta hindu chamado Tagore:

"Libera-me dos laços de tua doçura, amada! Basta deste vinho de beijos. Esta pesada nuvem de incenso afoga meu coração. Abre as portas, deixa a luz do sol penetrar. Estou perdido em ti, abrigado nas pregas de teus agrados. Libera-me de teu feitiço e devolve-me a virilidade para que eu possa oferecer meu coração liberto"

A teia-de-aranha que pessoas de baixa autoestima se entranham por entender erroneamente que está no outro a sua felicidade, os devia das relações saudáveis, aliviando o mal-estar, mas não o curando o que seria fundamental.

Promover nossa independência afetiva é, de resto, a única tentativa eficaz de se libertar da dependência do amor, porque esse sentimento precisa enxergar... necessita respirar por seus próprios meios.

Se para muitos o amor se desviou da paixão à indiferença é porque foi tomando o rumo do doentio apego ao parceiro, polo nocivo à fecundação da autoestima.

"Meu amor por ti" não pode ser maior do que "Meu amor por mim".

Não pode!... Não deve!

O amar por dependência é um amor perdido...um amor doente... um amor mascarado.

Sendo assim que não se busque anestesiar relações nem tampouco se procure moldar o amor do outro ao nosso modo de amar...

A perfeição dos nossos sonhos de amor está no encontro vigorante e apaixonado da autoestima  de cada um.

Pensemos nisso...
Busquemos isso...

Maria Marçal