sábado, 30 de maio de 2009

CONTO DE MINHA AMIGA PORTUGUESA - BELÍSSIMO

Abraços, amigos.
De: Maria Souza - Maturidade Divagando



Que "loucura" esse belo Conto de minha amiga Portuguesa, Lu:

Leiam meus amigos:



O despertador tocou. Marta levantou-se, e, enquanto o seu cérebro se adaptava à realidade, passou pelos quartos dos filhos para acordá-los. A sua filha resmungou um “só mais um bocadinho” e os rapazes nem se mexeram. Ligou o rádio no quarto da filha, para ela não voltar a adormecer, e abriu a janela do outro quarto.Entrou na casa de banho e tomou um duche rápido. Vestiu o roupão à pressa e correu para a cozinha onde pôs tudo a jeito para o pequeno-almoço. Voltou ao quarto dos filhos e destapou o mais velho, que resmungou. Começou a vestir o mais novo, que, ainda a dormir, chorou porque não quer usar a camisola interior; ela acalmou-o e de seguida foram os dois para a casa de banho onde Marta o ajudou a lavar a cara e os dentes. Voltou a chamar o filho mais velho e verificou a mochila do pequeno. Estava tudo em ordem. O rapaz mais velho levantou-se e foi para a casa de banho. Marta ouviu-o protestar:- Que mania, porque é que fechas a porta à chave? Mãe, preciso de entrar nesta casa de banho e a Mariana tem a porta fechada à chave! Ó mãe!...Marta ignorou-o, levou o pequeno para a cozinha e preparou o pequeno-almoço para os dois. Entretanto os filhos mais velhos já prontos para sair discutem um com o outro. Enquanto as crianças acabavam de comer, Marta foi ao seu quarto e vestiu-se. Saíram e enquanto ela fechava a porta de casa, a filha carregou no botão do elevador, para não haver perdas de tempo.Entram no carro e Marta conta até dez muito baixinho. Terá que enfrentar uma longa e desesperante fila de trânsito até chegar à escola do André. Os filhos mais velhos divertem-se a arreliar o garoto mais novo com observações e histórias sem sentido. A criança começa a chorar e entre soluços pergunta:- Mãe, tu achaste-me no caixote do lixo? - Não filho, nasceste da minha barriga, como os manos. – Respondeu Marta olhando ameaçadoramente os filhos mais velhos, pelo espelho retrovisor. Finalmente chegaram. Marta ajuda a criança a por a mochila às costas e leva-a até ao portão da escola. Espera que ela desça as escadas e volta a correr para o carro. Conduz o mais rapidamente que pode até à escola dos filhos mais velhos. Eles saem, Marta aguarda uns minutos e depois sai também. Dirige-se a uma mulher, mais ou menos da sua idade e cumprimenta-a. É a directora de turma da filha Mariana. Marta anda cismada com o comportamento demasiado aéreo da filha e precisa saber se está tudo bem na escola. - Fique descansada, para já a adolescência não está a interferir no desempenho da Mariana.Marta agradece, respira fundo e entra apressadamente no carro. Parou em frente ao pequeno centro comercial do seu bairro e entrou. Olhou-se na montra de uma boutique e não gostou da imagem devolvida. Dirige-se ao cabeleireiro e pede à menina Tininha “um tratamento de choque”. A cabeleireira põe as empregadas em alvoroço, ela sabe que a D. Marta raramente muda o seu visual, mas quando o faz é para revolucionar tudo: cabelo, mãos, pés e pernas. Marta escolhe um loiro arrojado para os seus cabelos castanhos. Fez extensões nas unhas e pintou-as de vermelho escuro. Quando a cabeleireira terminou, olhou-se no espelho e sorriu agradada. Pagou apressadamente e saiu quase a correr. Agora não tinha um minuto a perder.Entrou em casa e dirigiu-se ao guarda fato. Iria vestir aquele vestido preto, igualzinho a um modelo Pierre Cardin, o qual a sua modista tinha copiado na perfeição. Tinha até um chapéu, de cor crua e preto a condizer, para ocasiões especiais. Hoje iria usá-lo. Entrou na casa de banho e começou a maquilhar-se. Quando terminou olhou-se ao espelho e sorriu. Ninguém iria reconhecê-la. Sentiu que a beleza entrava na sua corrente sanguínea e percorria todo o seu corpo. Era bela e poderosa, era mulher. Calçou uns elegantes sapatos de salto alto e pegou numa pequena bolsa preta; abriu-a e verificou se estava lá tudo o que precisava. Saiu de casa, meteu-se no carro e conduziu até à cidade.Estacionou o carro num parque subterrâneo e andou a pé cerca de cem metros. Sentia admiração e desejo no olhar das pessoas que passavam. Marta saboreou a sensação e continuou a andar. Parou no nº 17. Entrou no elegante e movimentado edifício e subiu no elevador. Saiu no 8º andar. Tocou a campainha de uma porta, que foi aberta por um homem de meia-idade, alto e flácido. Marta entrou e o homem senta-se e comenta:- Já mandei vir o almoço boneca! Senta-te aqui… - e dá umas palmadinhas na própria perna indicando o lugar onde ela se deveria sentar.Marta sorri e calmamente avança para o homem, enquanto abre a bolsa preta; rapidamente coloca-lhe um revolver com silenciador na testa, e dispara. O barulho foi apenas um pequeno estalo e nem sujou a luvas pretas de sangue. Marta dirige-se à casa de banho e retira alguns toalhetes de papel com os quais embrulha a arma. De dentro da bolsa preta tirou um pequeno saco de papel com asas de cetim e põe o embrulho lá dentro.Regressa ao parque onde tem o carro estacionado. Perto do seu carro está um homem jovem com óculos escuros, ele tem na mão um saco idêntico ao seu. Sem uma palavra, trocam os sacos e Marta entra no carro. Olha de relance para dentro do saco, notas de 100€ e 50€. Está tudo certo. Põe o carro a trabalhar e pensa que já não dispõe de muito tempo, tem de ir a casa trocar de roupa e depois levar o seu filho mais novo à natação.Conto por LLFoto: Jean-Loup Sieff

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