segunda-feira, 9 de novembro de 2009

LENTAMENTE DESCASANDO




O coração é o primeiro a sentir que naquele lar alguma coisa está
enferrujando, mas insiste em buscar na noite o oxigênio para manter
vivos aqueles corpos que um dia descobriram-se completos.

Mas é interessante que em cada esquina do mundo senta-se à mesa de
um bar alguma paixão desfeita... dores e amarguras se vestem de destilados,
penetrando garganta a dentro até atingir a peça chave dessa engrenagem
humana: a razão.

A razão nunca deveria ceder espaço à sonhos de príncipes e rainhas: esses
precisam de alimentos que não se compram em prateleiras de supermercado.
São grãos selecionados e adquiridos no primeiro olhar ... importados de
momentos mágicos, de "química".

O certo seria guardarmos porções dessa refeição para, quando escassiasse a
relação, pudessemos serví-la novamente, nutrindo-nos de paixão, repondo células
novas no lugar das que morreram.

Mas o Ser Humano não nasceu para fazer projeções racionais. Cortaram-lhe até mesmo
o cordão umbilical que o unia ao seu primeiro grande amor. Daí em diante, o coração
fica infinitamente livre, pronto para casar e descasar, lentamente e sem traumas.

Então... quando a poção mágica termina é chegada a hora de partir.

É preciso LENTAMENTE DESCASAR.

A falta do outro(a) será inevitável a cada início dessa trajetória solitária
e as canções servirão apenas de alento ou dor à lembranças...nada mais.

O melhor é seguir e não parar em cada amanhecer.

Lembre-se que agora a próxima esquina já te espera com outro nome:

VIDA NOVA, porém sem desvios.


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