domingo, 21 de setembro de 2014

AGORA EU POSSO FALAR...E VOCÊ, TAMBÉM!




No caderno Vida de Zero Hora deste sábado tem uma matéria rica em reflexões. Trata sobre "Qual é a sua idade real?"

Dentre as considerações tem o depoimento da sra. Rosa Campos Velho, 75 anos, que diz:

"-Depois de uma certa idade, a gente pode fazer o que quiser. Não sente mais as amarras da sociedade. É bem bom - conclui."

Embora seja um tanto mais nova que ela, mas beirando aos 60 anos, penso igual.

Dessa forma, não sinto mais resistência em dizer o que penso, em dar conselhos que julgo salutares ou mesmo - e com mais frequência - noto que me tornei mais crítica, condenando situações que parecem existir para nos fazer de tolos.

Ontem à tarde, feriado em Porto Alegre, passeando pela zona sul cheguei numa patisserie/Bistrô que gosto bastante, lugarzinho sempre cheio com variedades nessa onda avassaladora de Casas que produzem especiarias no tocante a pães, massas, doces, etc...

Escolhi levar um pedaço (0,316kg) de cuca de banana e um pão (bem pequeno) que continha passas e outros ingredientes, mas nada de excepcional.



Para minha surpresa esses dois produtos contabilizariam quase R$ 29,00!
- Sim! R$ 28 e alguma coisa.

Questionei com a moça do caixa esses valores, porque considero inapropriado pagar R$ 10,43 por um pedaço de cuca de banana (uma das receitas mais simples e de baixo custo que existe já que produzimos bananas em abundância no Brasil) e cujo quilo apontava nada mais, nada menos que R$ 33,00!. Deduzi, portanto, que aquele pão pequeno sairia R$ 18,00. Logicamente que o devolvi, porque é inconcebível ficar indiferente a esse preço por um pão pequeno.

Se o consumidor parasse de aceitar tais anomalias teríamos outra realidade nessa relação proprietário-cliente.

Noutros tempos nem questionaria levar para casa dois produtos dessa natureza ao preço de R$ 29,00, mas agora, beirando os 60 anos, preciso e tenho o dever moral e ético de 'corrigir' essa mentalidade desleal de 'é esse preço e pronto!'

Patisseries e Casas especializadas em pães artesanais (abrem centenas no País com a assinatura de profissionais que se especializaram, na sua maioria, no exterior) estão incluindo no menu: Nome, situação social do lugar, os 10% de taxas, as mãos desses Chefs que surgem como enxame de abelhas à procura do mel, cujos somos nós, clientes-consumidores.


O prazer de tomarmos, num final de tarde, um chá com croissant se tornou desconforto na hora de pagar a conta, mais em razão da discrepância entre três fatores: ingrediente-produto-realidade, s.m.j..

Pesquisando sobre o assunto descobri que todas essas novas Casas de pães, doces e quitutes especiais se espelham na cozinha francesa, daí seus nomes sofisticados.

Na França, segundo o google, a melhor patisserie de Paris se chama Fauchon Paris, contudo, na receita de um de seus produtos, o famoso croissant, está a "farinha francesa, água mineral também francesa, a manteiga é feita do leite de vacas criadas com grama da Normandia."

Sem dúvida que, num Press Café por exemplo, onde servem croissants e mil-folhas saborosos, se contivesse leite importado da Normandia na sua elaboração, mereceriam cobrar o que nos cobram, mas....

Assim sendo e voltando ao fato de estarmos, nessa idade, mais libertos para exercer a crítica construtiva e não a depreciativa, diria que está faltando um certo tom de respeito ao consumidor e, principalmente, ao cliente de cabelos brancos, que é o público mais fiel às saidinhas com amigos num final de tarde em ambientes acolhedores e de boa mesa, mas que, ao final do lazer, a máquina de calcular deveria contabilizar apenas preço justo e respeitoso para com o ilustre frequentador seja ele abonado ou não.


Maria Marçal

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